Aplicações Tecnológicas
Essa seção objetiva apresentar exemplos de pesquisas que mostrem a relação tecnologia e mensuração do comportamento. As pesquisas descritas aqui, não se restringem apenas a tecnologias assistivas desenvolvidas baseadas na ABA, pois o objetivo é mostrar de forma geral que elas podem ser utilizadas para auxiliar na mensuração dos comportamentos ou habilidades.
Tecnologia
Dispositivos móveis e web.
Descrição
O estudo de Whitcomb et al. (2011) avaliou o sistema web Headsprout, utilizado por um aluno com TEA para melhorar a aquisição de habilidades de leitura. O sistema inclui o monitoramento do progresso do aluno e possui dicas visuais e auditivas. Para este estudo houve o recrutamento de uma criança de 9 anos de idade, diagnosticada com autismo, que apresentava no Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching – DTT) incapacidade para compreender e ler com precisão palavras foneticamente regulares com combinações de letras na posição final, necessitando de instruções verbais parciais, para alcançar resultados satisfatórios. Como forma de mensurar a mudança do comportamento alvo, foi solicitado ao aluno que lesse um conjunto de palavras que seriam registradas no Headsprout como correta ou incorreta, além disso foi solicitado também que o aluno lesse quatro contos disponíveis no sistema que incluíam palavras para aumentar a dificuldade e novamente era registrado a evolução do aluno, assim o Headsprout emitiu um relatório contendo o total de acertos e erros das atividades realizadas pela criança e que foi analisado pelo Analista do Comportamento. Como resultado do experimento, o aluno participante deste estudo aprimorou sua leitura de conjuntos de palavras e texto disponíveis no Headsprout após a intervenção.
Tecnologia
Robôs
Descrição
A pesquisa de Huskens et al. (2013) fornece um exemplo da demonstração da eficácia de uma intervenção realizada por um robô em comparação com uma intervenção conduzida por um Analista do Comportamento para estimular crianças a realizarem perguntas. Os participantes desta pesquisa foram 6 crianças diagnosticados com TEA de acordo com os critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV), tinham idade entre 8 e 14 anos, possuía Quociente de inteligência (QI) acima de 80 e não foram capazes de iniciar uma pergunta após uma indagação de uma pessoa. Todas as sessões de linha de base e intervenção foram gravadas usando uma câmera de vídeo para que os comportamentos alvos registrados pudessem ser analisados. A análise de dados envolveu primeiro a inspeção visual e o cálculo do número médio de questões auto iniciadas para os grupos experimentais durante cada fase com os respectivos desvios padrão. Em segundo lugar, foi analisado o aumento no número de auto iniciações durante as fases, que foi determinado pelo cálculo de Taunovlap (Parker, Vannest e Davis, 2011). Os resultados da pesquisa mostram que tanto uma intervenção conduzida por um robô e uma intervenção conduzida por um terapeuta foi eficaz em estimular questionamentos nas crianças com TEA.
Descrição
A pesquisa de Desideri et al. (2018) teve como objetivo avaliar a eficácia de um robô humanoide (NAO) para ampliar a motivação e o desenvolvimento da aprendizagem de duas crianças de 9 anos de idade com TEA, possuindo diagnóstico de deficiência intelectual severa e que nunca teve contato com um robô humanoide. Uma das crianças possuía limitações na comunicação social e linguagem verbal. Já a outra criança apresentava interações com pares e habilidades verbais limitadas, deficiência intelectual grave, raro contato visual e atende pelo nome em algumas ocasiões, mas consegue realizar e compreender pedidos simples, nomear objetos do cotidiano e utilizar frases de efeito. Todas as sessões foram gravadas e os vídeos analisados. Os comportamentos observados de forma direta incluíram o estado de engajamento, que foi mensurado pela razão entre o tempo total (em segundos) e o tempo total de todo o período de destino; e o cumprimento de metas o qual indica a frequência de ocorrência do comportamento alvo sem aviso prévio durante cada período determinado, sendo calculado a partir da diferença entre a quantidade total de respostas corretas emitidas sem aviso e a quantidade total de solicitações realizadas pelo educador em cada uma das sessões individuais. Concluiu-se que a utilização do robô nas intervenções e nas sessões pós-intervenção demonstraram um aumente na frequência dos objetivos propostos a serem alcançados.
Tecnologia
Software para Desktop
Descrição
O objetivo do trabalho de Cummings e Saunders (2019) foi fornecer aos profissionais informações de como utilizar o Microsoft Power Point 2016 para automatizar o processo de aplicação do Matching-to-sample (MTS), por exemplo, em intervenções que envolvem sujeitos com TEA. Em cada tentativa, o sistema projetado apresenta uma série de três imagens (um Estímulo Discriminativo e dois Estímulos Delta – isto é, distratores) e um áudio (estímulo modelo ou estímulo condicional). Se a criança tocar na imagem correta, um reforçador (áudio, vídeo, etc.) é apresentado pelo sistema. Caso a criança não acerte a imagem o sistema não apresenta nenhum reforço.
Tecnologia
Jogos
Descrição
O trabalho de Kang e Chang (2019) objetivou investigar a eficácia da intervenção utilizando videogame para ensinar habilidades de tomar banho para crianças com TEA. Foi proposto um jogo interativo baseado na tecnologia de reconhecimento de gestos do Kinect, que transforma a necessidade de tomar banho em uma divertida experiência de aprendizado. Seis crianças com idade entre 9 a 11 anos foram recrutadas para participarem do experimento pois: 1) possuía diagnóstico de autismo ou deficiência intelectual; 1) possui uma meta do Plano de Educação Individual para melhorar o comportamento adaptativo relacionado aos cuidados pessoais; 3) não possuía nenhuma deficiência física que impediria o desempenho da habilidade; e 4) possuía capacidade de compreender os objetos exibidos pelo jogo. Um projeto de linha de base múltipla foi adotado para demonstrar a relação entre a intervenção baseada em jogos e tomar banho de forma independente. Os pais usaram o celular para gravar os filhos durante o banho. Os videoclipes foram analisados por dois professores de educação especial que atuaram como avaliadores no estudo. Procedimentos de registro de eventos foram usados para registrar cada etapa executada de forma independente ou incorreta. Uma resposta independente foi definida como o início da primeira etapa na análise da tarefa em 5 segundos e a conclusão de cada etapa em 20 segundos, sem assistência dos pais. O número de etapas independentes concluídas foi dividido pelo número total de etapas da análise da tarefa (ou seja, 25) e, em seguida, multiplicado por 100 para calcular a porcentagem de etapas concluídas independentemente. As estatísticas finais foram representadas graficamente para análise visual. Os dados mostraram que a porcentagem de etapas corretas da tarefa aumentou significativamente entre todas os participantes do experimento, melhorando assim o desempenho das tarefas durante as fases de intervenção e manutenção.